Os cristãos, desde muito tempo, têm incomodado a sociedade em que estão, com seus esforços para cumprir sua missão de proclamar e ensinar o evangelho, gerando discípulos para Cristo. Desde o início do trabalho batista no Rio de Janeiro, a população da cidade cresceu e a quantidade de cristãos também. Porém, à medida em que o tempo passou, o desafio se tornou maior e mais complexo, pois o contexto socioeconômico e o perfil dos moradores têm mudado sensivelmente. Contudo, apesar das muitas mudanças da sociedade e dos múltiplos contextos econômicos e culturais que se formaram ao longo da história, nós, os Batistas Cariocas, temos nos esforçado para cumprir a missão, discípulos têm sido gerados e novas igrejas têm sido fundadas, e hoje somos 528 neste município.

O Censo do IBGE de 2010 registrou que os evangélicos foram o segmento religioso que mais cresceu no Brasil nos últimos 30 anos. Em 1980 representava 6,6%, em 1991, esse percentual era de 9,0%, em 2000, subiu para 15,4% da população e em 2010, chegou a 22,2%, um aumento de cerca de 16 milhões de pessoas (de 26,2 milhões para 42,3 milhões), destes 3,7 milhões se declararam batistas. E a cidade do Rio de Janeiro segue de perto este novo perfil da população nacional com grande aumento de moradores se declarando evangélicos, chegando a 29,4%. Mantendo-se as tendências, em breve, os evangélicos serão a maioria da população cristã e estarão presentes em todas as camadas sociais.

A preocupação é que ao mesmo tempo em que existe um crescimento desta população, há um aumento considerável das mazelas da sociedade. O fato é, se os pastores e líderes não viverem os princípios bíblicos, como a Igreja do Senhor Jesus poderá refletir a luz de Cristo em meio às trevas, neste tempo de secularismo crescente? Como as igrejas impactarão a sociedade em que estão inseridas se seus membros não forem transformados diariamente pelo evangelho? Como escreveu Kevin Vanhoozer: “As sociedades não se tornam seculares quando prescindem completamente da religião, mas quando já não são particularmente incomodadas por ela.”

O desafio proposto nesta campanha de Missões Rio é o de continuarmos a incomodar as trevas com o brilho de nossa luz. As mudanças da sociedade atual e seus novos questionamentos que induzem as igrejas a repensarem suas práticas e rever seus princípios, não devem fazer com que nós percamos o foco na missão. Diante desse novo ambiente, as igrejas precisam deixar de fazer as coisas, simplesmente, por que sempre foram feitas assim, mas necessitam entender quem são, por que estão onde estão e qual o valor compreendido do seu trabalho pelas pessoas.

Desta forma, precisamos ajustar também nossas estruturas, segundo John Ewart: “Será que não estamos baseando nossas estratégias em técnicas antigas em um cenário pós-moderno, esperando recriar os bons e velhos momentos?” E ainda, os Batistas Cariocas não podem ser “tão nostálgicos a ponto de perder as oportunidades que se apresentam todos os dias”. Logo, ou somos luz para a cidade ou somos parte da sua escuridão, e conforme Mateus 6:23: “se a luz que existe em você são trevas, que grandes trevas serão!” Assim, não basta crescermos em número ou em poder econômico, precisamos olhar para as pessoas com o mesmo olhar de Jesus, com compaixão e graça, e unidos como Igreja traduzir este olhar em ações que demonstrem para todos que a luz do evangelho ainda brilha e pode transformar a triste realidade em que estamos inseridos. Para isto, precisamos reafirmar que somos a Igreja para esta cidade, plenamente integrada e contextualizada, sem ser a favor do sistema que a domina e nem contra a cidade.

Então, vivamos o texto de Mateus 5:16, que brilhe a nossa luz diante dos outros, para que vejam as nossas boas obras e glorifiquem o nosso Pai, que está nos céus.

Pr. Maurício Porto
Comitê de Evangelismo e Missões da CBC Pastor da PIB da Urca