Segundo a Organização Mundial de Saúde, a cada 40 segundos alguém no mundo tira a própria vida. O índice é preocupante e, quando se trata de países em desenvolvimento, como o Brasil, o suicídio ocorre a cada 45 minutos.
Os maiores atingidos pelo triste fenômeno são jovens, de 15 a 29 anos. Os números cada vez mais crescentes de casos estimulam novos estudos sobre as formas de se prevenir o suicídio, mas ainda não foi possível chegar à estratégia ideal quando se pensa na interrupção dessa onda de dissabor pela vida.
Especialistas afirmam que 90% dos suicídios poderiam ser evitados com acesso a tratamentos de doenças emocionais e mentais. Mas a falta de esclarecimento sobre o tema tem lançado vidas à escuridão de suas próprias existências. De acordo com o presidente da Associação Psiquiátrica da América Latina, Antônio Geraldo da Silva, a prevenção e a conscientização continuam sendo as melhores maneiras de tratar a questão do suicídio. “90% dos suicídios poderiam ser evitados se as pessoas tivessem acesso a tratamento e pudessem tratar a doença que leva ao suicídio”, afirmou.
Preocupada em ajudar pessoas que estão desistindo de viver, a Capelania aos Enlutados, da Convenção Batista Carioca, lançou o projeto de apoio emocional e espiritual Amparo Pleno em Cristo.” Os números concernentes ao suicídio são alarmantes e nós como igreja de Cristo precisamos fazer alguma coisa. Então temos um número de telefone que irmãos voluntários se disponibilizam a estar do outro lado da linha para ouvir, orar e aconselhar”, explica o idealizador do projeto, Pr. Filipe da Conceição – coordenador da Capelania.
Filipe já foi voluntário do Centro de Valorização da Vida e conta que, no período em que passou pela ONG, estudou sobre formas de prevenção ao suicídio e entendeu a lacuna missionária e a grande contribuição que a igreja tem para oferecer à sociedade. “Além da escuta, nós [igreja] temos a ferramenta do evangelho de Cristo. Através dele não apenas ouvimos, mas podemos orar e orientar”.
O Amparo Pleno em Cristo conta, atualmente, com o apoio de 19 voluntários ativos e outras 31 pessoas em treinamento. Sua base de atendimento está instalada no Seminário Teológico Betel, no bairro do Rocha, no Rio de Janeiro. De braços abertos a quem desejar ajudar, o APC oferece treinamento para quem fica atrás da linha telefônica, sendo 12 encontros de orientação ao voluntário que, após aprovado, passa a dedicar 3h semanais aos atendimentos telefônicos.
Falar sobre suicídio ainda é um tabu no meio evangélico, como aponta Filipe. Segundo ele, muitos acreditam que debater sobre o tema pode gerar ideação, mas, “na verdade, a questão é como falar. Você não pode censurar o assunto e ignorar um tema tão importante de ser conversado e orientado, mas também não pode agir com sensacionalismo, fazer com que as pessoas tenham a informação sem um respaldo de conscientização. Então, as igrejas evangélicas precisam conscientizar seus membros, conscientizar as pessoas, conscientizar seus ministros a respeito da prevenção de suicídio, mas não somente de conscientizar, mas precisam orar e agir em prol da prevenção de suicídio.”
O capelão aponta ainda duas importantes causas suicidas: a fragilidade espiritual e emocional. Segundo ele, cultivar uma espiritualidade profunda pode, de alguma forma, evitar a ideação suicida. Porém, além disso, as pessoas também precisam preservar suas emoções, seus sentimentos. “Então, o outro agravante é o esgotamento emocional. Pastores se esgotam emocionalmente, membros se esgotam emocionalmente… então nós precisamos agir de uma forma que não esgote o emocional das pessoas, que elas não cheguem a última gota, ao contrário, que elas possam vivenciar uma vida sadia e saudável de vida de oração e de vida emocional”, concluiu.
As ligações recebidas pelo APC são sigilosas, com atendimentos sendo feitos pelo telefone (21) 2035-3487 e obedecendo os seguintes horários:
Segunda: 6h às 12h | 18h às 21h
Terça à sexta: 9h às 12h
Sábado: 12h às 15h