É difícil deixar um legado quando se caminha solitário. Manter a árdua tarefa missionária, vencer o desânimo e os índices que teimam em contrariar os planos para o Rio de Janeiro é de um peso enorme, que precisa ser compartilhado com homens e mulheres que não perderam a esperança no evangelho transformador.

Atuar na Missão Socioeducativa é tentar apagar um grande incêndio com um simples balde de água. Mas é preciso fazer, cada um, a sua parte neste processo para que vidas como a de Lucas de Souza venham testemunhar da graça que o libertou das trevas. A seguir você conhecerá o depoimento desse jovem de apenas 18 anos, que aos 12 foi encaminhado ao Degase, sob a custódia do Estado, para o cumprimento de medidas socioeducativas. Seu final, para a Glória de Deus, foi feliz. Mas, sem o esforço missionário, sua vida poderia ter tido outro rumo.

“Quando eu completei meus 12 anos de idade, fui apreendido como menor infrator, assinando o artigo 33 do Código Penal (Tráfico de Drogas) e mais alguns artigos que vieram no pacote. Antes de passar pelo Degase, eu tive contato com a igreja. Minha mãe era evangélica, assembleiana e diaconisa. Eu fui criado nesse meio, mas com 10 anos de idade fui me desviando. No começo deixei de ir para a igreja, deixei de estudar para jogar bola… depois nem jogava mais. Aí foi quando eu comecei a parar ao lado de más influências.

O Degase é um lugar muito difícil de se viver. Um mês lá já é difícil e eu fiquei um ano e seis meses lá. Se, dentro de casa, irmãos já brigam, imagina um monte de internos juntos num lugar quente, no verão… é inquietação, caos e morte. Não desejo isso para ninguém. Mas eu creio que Deus tinha algo na minha vida ali.

Apesar de tudo, aceitei a Jesus dentro do Degase. As palavras que o missionário lia, interpretava… me ajudaram a manter a calma naquele ambiente, que é um ambiente que tem tudo [de ruim] que você possa imaginar. As partes principais da minha transformação vieram pelo fato de Deus enviar as pessoas certas [para me ajudar].

Tem pessoas que falam que Deus não liga, não dá a mão. Chegam a perguntar para Deus e Ele responde: e aquela pessoa que eu enviei para te ajudar? Você quer que eu apareça para você ou que eu apareça numa imagem? Não! [risos]

Missionário Juan, à esquerda, ao lado de Lucas.

Saí do Degase e fui para um projeto do qual faço parte. Fui batizado e hoje sou membro de uma igreja evangélica. Fui liberado para começar a trabalhar em janeiro de 2018, mas desde 2017 vinha tentando tirar minha carteira de trabalho sem muito sucesso. Fui para a entrevista de emprego pela fé. Felizmente consegui e quando peguei meu primeiro salário na mão eu falei assim: — Nossa…

Bebi uma água e parecia que a água estava doce! Senti uma alegria no coração em falar:

— Esse salário eu trabalhei por causa dele. Não foi em zoeira, em movimento… trabalhei por causa dele.

Mesmo não merecendo Deus está honrando. Sou voluntário na 4.ª Igreja Batista do Rio de Janeiro, ajudando moradores de rua. É um trabalho voluntario. Contribuo, vou para a cozinha e ajudo a preparar almoço. E é uma comida de qualidade que nós oferecemos para eles!

Em 2017 eu planejei me batizar, começar um namoro santo e consegui. Depois consegui o primeiro emprego, carteira assinada… fiel até o fim e consegui. Daqui para frente estou indo de planos em planos; e Deus está me dando força nisso.

Deixo um recado para os irmãos não desistirem porque tem muita gente precisando ouvir do evangelho, escutar a palavra de Deus, bíblica, vinda do céu. Peço que não desistam e continuem investindo. De onde eu vim tem pessoas que querem mudar, mas não conseguem. Eu sei que, com a ajuda missionária, tem jeito.”