Tabu para alguns, um alerta necessário para outros. De qualquer forma, o tema suicídio se tornou um problema social que, muitas vezes, provoca um sentimento de impotência. No Brasil, a ação de tirar a própria vida atinge 12 mil pessoas ao ano. Ou, se preferir, 32 casos diariamente. O alto índice revela o quanto precisamos destacar o assunto em nossas rodas de conversa e cuidar daqueles que perderam o apreço pela vida.
Foi pensando em ampliar a conscientização sobre a prevenção ao suicídio que o Centro de Valorização da Vida, o Conselho Federal de Medicina e a Associação Brasileira de Psiquiatria criaram, em 2015, a campanha Setembro Amarelo. A cor que pinta o nono mês do calendário também ressalta o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio (10 de Setembro), funcionando como um lembrete de que é preciso continuar lutando pela vida e combatendo a ideação de morte provocada, essencialmente, pela depressão.
Hoje, escolas, universidades, entidades públicas e privadas estão envolvidas com o Setembro Amarelo. Nas ruas, pessoas de todas as faixas etárias prestam seu apoio através de roupas e acessórios de cor amarela. E nós, enquanto Convenção Batista Carioca, queremos dar voz a essa causa nobre. É papel da igreja amparar e desenvolver ações em favor da vida. Portanto, através da Missão aos Enlutados – que desenvolve o projeto de prevenção ao suicídio Amparo Pleno em Cristo – faremos a campanha 30 Dias de Prevenção ao Suicídio.
A ideia dos 30 Dias de Prevenção ao Suicídio é compartilhar conceitos de valorização da vida, a partir da ótica cristã. E você, como batista, poderá fazer de sua rede social uma grande ferramenta de prevenção. Queremos dar o primeiro passo da nossa jornada, apresentando sinais que o ajudarão a identificar pessoas que estejam sofrendo com ideação suicida. São eles: tristeza persistente; postagens relacionadas a suicídio ou depressão profunda nas redes sociais; perda de interesse em atividades que antes davam prazer; fadiga; falta de energia; alteração no sono; irritabilidade; alterações no apetite; choro sem razão aparente; ideias de morte; e dores e sentimento de inutilidade.
A campanha também aponta um caminho prático, de acolhimento especializado. A partir do Amparo Pleno em Cristo, uma linha telefônica solidária, pessoas poderão conversar com voluntários sobre problemas pelos quais estejam passando e, dessa maneira, serem apoiados emocional e espiritualmente. Trata-se de um atendimento primário e emergencial, mas que pode salvar uma vida.
Os atendimentos são realizados pelo número (21) 2035-3487, nos seguintes esquemas de plantão: Seg (7h às 19h), Ter (13h às 16h; 19h às 22h), Qua (7h às 16h; 19h às 22h), Qui (7h às 19h), Sex (7h às 16h; 19h às 22h), Sab (7h às 10h; 13h às 16h) e Dom (7h às 10h; 13h às 16). Além dos atendimentos, o projeto realiza constantes treinamentos para voluntários que desejam atuar como conselheiros da vida.
É preciso quebrar o tabu
A Associação Brasileira de Psiquiatria afirma que o tabu envolvendo o assunto é a principal barreira que dificulta o tratamento da questão do suicídio. É preciso manter um diálogo aberto e combater os mitos que permeiam a opinião pública. Um desses mitos é o de que apenas o especialista pode contribuir com o processo de tratamento em casos de tentativa de suicídio. Para o psiquiatra Dr Ronaldo Laranjeiras, a família tem um papel essencial na observação e no desenvolvimento de um núcleo social que valorize aquele que perdeu a alegria de viver.
“O que a família e os amigos podem fazer é tentar se aproximar, mesmo que a pessoa não queira. Isso talvez seja o mais importante do que conversar sobre o tema. É preciso fazer com que a pessoa veja que está sendo valorizada, mesmo que ela não sinta que a própria vida tem valor. Os amigos e familiares precisam verbalizar que a vida dela é importante”.
Suicídio na infância
Recentemente, o Brasil teve seus olhos abertos quanto ao suicídio de crianças e adolescentes que se envolveram com jogos pela Internet. O alerta vermelho foi ligado, sendo de grande importância aos pais a observação de sinais que podem identificar depressão e ideação suicida.
O Dr Fábio Borbirato lembra que as crianças muito pequenas não costumam utilizar a palavra suicídio para se referir ao desânimo pela vida. “Falam em querer sumir, desaparecer… Ele tem vontade de desaparecer porque está angustiado coma a vida que tem, sem vontade e prazer de viver”, afirma o psiquiatra. Já na adolescência, o isolamento e a automutilação costumam ser sinais importantes. “O adolescente começa a se isolar e a se afastar dos colegas. Como pais, mostrem que eles podem se abrir, mostre empatia e que, assim como vocês, eles também podem vencer as dificuldades da vida”.
Participe do Setembro Amarelo e leve sua igreja a conhecer o projeto Amparo Pleno em Cristo. Uma simples conversa telefônica pode salvar uma vida.