Na narrativa de Lucas 5 — em que Jesus se apresenta aos discípulos pescadores e faz com que as redes fiquem cheias de peixes, a ponto de quase arrebentarem — Pedro e seus sócios convocam os demais a puxarem as redes juntos: “fizeram sinais aos ocupantes do outro barco para que também viessem ajudá-los” (7).

Duas ações foram fundamentais neste episódio para que o desfecho fosse bem sucedido. Em primeiro lugar, lançaram as redes. Não há colheita sem semeadura. E não há recompensa sem o esforço necessário, sem a iniciativa indispensável para que as ações se realizem.

Tal qual se deu no casamento de Caná, registrado em João 2.1-11, quando precisaram trazer as talhas e enchê-las de água a fim de que Cristo operasse seu milagre, também os pescadores tiveram de lançar as redes para, depois, puxá-las com os peixes.

Mesmo para a ação divina há o pressuposto da ação humana. O milagre ocorre, mas após a devida participação dos personagens da narrativa. Foi exatamente o que aconteceu por ocasião da cura do paralítico em Marcos 2: seus amigos o trouxeram na maca, subiram ao telhado, desceram-no até a sala em que Jesus estava, e só depois ao paralítico foi dada a graça de voltar a se locomover. Portanto, os bons resultados exigem e requerem iniciativa, esforço, empenho e dedicação.

A outra ação foi a cooperação entre os pescadores para que as redes não rompessem. Puxaram juntos as redes. Ali não havia lugar para egoísmos, interesses individuais, estrelismos e exibicionismos personalistas. Ou puxavam as redes juntos, ou não sobrariam peixes para serem vendidos, e todos sairiam no prejuízo.

É indispensável que a obra do Senhor, e por extensão a obra denominacional batista, seja realizada com espírito cooperativo. Convém que cultivemos cada vez mais o interesse no serviço compartilhado, em que carregamos as cargas uns dos outros, em que dividimos os fardos e as responsabilidades, para que juntos, e somados, também desfrutemos dos resultados.

A obra do Senhor é de participação coletiva. Da mesma forma como a oração ensinada por Jesus é coletiva (o Pai é nosso) e a mesa da Ceia é coletiva (comemos e bebemos juntos), o serviço ao Reino também é realizado de modo comunitário, interligado e, portanto, cooperativo.

Não se trata apenas de uma tradição dos princípios originais batistas — e o princípio da cooperação convive, harmoniosamente, com o princípio da autonomia das igrejas locais — mas é, de maneira especial, uma condição da própria natureza da igreja (que é, em si, condição comunitária) e da denominação (outra notória condição comunitária).

Lancemos juntos, pois, as redes.
E as recolhamos juntos.

Pr. Carlos Novaes
IB Barão da Taquara