Tema: Unidos, gerando vidas


“Da multidão dos que creram, uma era a mente e um o coração. Ninguém considerava unicamente sua coisa alguma que possuísse, mas compartilhavam tudo o que tinham” (At. 4:32)


Introdução
Vivemos numa época em que tudo (ou quase tudo) ganhou ‘status gigantesco’, e tanto as coisas como as pessoas passaram a ser medidas pelo tamanho da sua popularidade, pelas suas visualizações ou pelos “like´s” nas redes sociais.
Contrariando várias estatísticas, também percebemos que é imenso o número de pessoas que creem em algo. Ou seja, por incrível que pareça, vivemos um tempo fortemente religioso. Mas a pergunta que devemos fazer é: em que estas multidões creem especificamente?

Nota-se também, como reflexo desta época, que mesmo dentre aqueles que parecem professar uma “crença comum”, opera um forte individualismo (ou individualização interna), como se fosse uma “multidão de indivíduos”, e este tem sido o grande desafio para a conexão de “uma só mente e coração”.

Em meio a este contexto complexo, ouve-se um grito desesperado de uma sociedade órfã de muitas coisas, mas principalmente de um sentido para viver.

Contudo, ao longo da história, a unidade da igreja e a sua seriedade ao anunciar o Evangelho foram fonte de vida, uma poderosa bússola de sentido que atravessou os séculos, inclusive produzindo transformação social.
É essa unidade geradora de vida que, até hoje, tem impactado o mundo pós-moderno.

1. Unidos, geramos “vidas novas”

O contexto do cristianismo do primeiro século é incrível por diversas razões, mas principalmente pelo seu impressionante crescimento.

Os registros numéricos nos dão uma noção da “multidão dos que creram” (At. 2:41; 4:4; 6:1). Os registros de Lucas, o autor, demonstra sua intenção de fazer com que a igreja da época e a igreja do futuro entendam que todo organismo saudável cresce.

Era um tempo profético de salvação, como predito por Isaías (Is. 61:1) e confirmado por Jesus (Lc. 4:18). E aqueles que estavam sendo evangelizados respondiam com arrependimento, como também foi profetizado (Jl. 2:32; Ml. 4:6), tudo isso fruto de sua nova natureza, uma natureza espiritual, natureza de filhos de Deus.

O que temos, então, é uma multidão de pecadores regenerados, vidas completamente novas! E, como uma nova vida não combina com velhos hábitos, a marca mais distintiva dessa multidão é a unidade.

É um grande feito conseguir que uma grande multidão esteja unida. Mas, só um milagre pode fazer com que essa multidão tenha uma só mente e um só coração.

A unidade espiritual deles, diariamente, gerava mais vidas e mais unidade, e assim por diante, num poderoso ciclo virtuoso. Num cenário como esse, percebemos o porquê de os três primeiros séculos do cristianismo ter registrado o maior crescimento da história da igreja.

Nossa cidade precisa desesperadamente dessa unidade que gera vida. A degradação social, a fraqueza moral, o colapso das famílias, a falta de caráter político e inúmeros desafios sociais brotam como um pedido de socorro: O Rio precisa de vida!

A unidade das mentes e dos corações dos crentes salvos por Cristo e das igrejas é tudo que o Rio de Janeiro precisa para mudar a sua história. O movimento de Missões Rio aponta para essa direção, indicando para as igrejas cariocas o poder que temos nas mãos quanto nos conectamos!

Nós já conhecemos os resultados de uma vida cristã solitária e de um cristianismo vivido em isolamento. Não precisamos de mais do mesmo.

A Palavra de Deus está nos desafiando para um tempo diferente, um tempo de unidade que possa gerar vida. Está na hora de redescobrir o poder da cooperação, da unidade da fé e de ser uma só mente e um só coração.

2. Unidos, geramos “vidas que vivem para além de si mesmas”!

Há mais uma beleza na vida dos “seguidores do caminho”, como eram chamados os primeiros cristãos: “Eles não se bastavam a si mesmos”.

O que vemos na história dessa multidão de crentes não é apenas uma vida que preenche todos os espaços, mas é uma espécie de “vida feita para transbordar”!

Quando o Evangelho, que é como um rio de águas vivas, flui do interior de alguém, como Cristo prometeu que aconteceria com os que criam nele (Jo. 7:38), é de se esperar que essa vida transborde e molhe mais alguém.

A unidade de mente e de coração daquela multidão gerou “uma unidade na sensibilidade”. Os crentes começaram a ser confrontados com algumas perguntas, tais como: – Como alguém poderia estar unido com outras pessoas apenas para as coisas boas? – Como poderiam estar unidos só nas coisas aparentes?

Por isso, o Espírito da Unidade os constrangeu e fez deles uma multidão de despossuídos. O que um deles tinha, todos tinham e, assim como o Cristo, suas vidas passaram a apontar para fora de si, para o próximo, para algo além de si mesmos, enfim, uma vida para a glória de Deus.

Há dois projetos admiráveis entre os batistas cariocas que apontam como é possível gerar vida para além de si mesmos. Um deles é o Lar Batista do Idoso, uma instituição sem fins lucrativos, mantida pelos batistas cariocas há mais de 50 anos, e que promove acolhimento respeitoso aos nossos idosos.

Projetos assim, nos lembram que crentes não são ilhas. Não limitam o amor ao próximo. Não temem uma vida de doação.

Na verdade, crentes são servos. Servos que reconhecem que seu propósito de vida é imitar o Mestre. E, ao imitar o Mestre recebem um coração que bate no compasso do coração misericordioso do Pai.

3. Unidos, geramos “vidas que dão um novo significado para sucesso”

Podemos dizer que a comunidade dos primeiros cristão era uma multidão subversiva, no melhor dos sentidos.
Aqueles cristãos caminhavam na contra-mão da realidade social em que viviam, em muitos sentidos.

Por exemplo, eles promoviam unidade, numa época de falência nacional e comunitária. Eles foram sensíveis e acolheram os mais vulneráveis, num tempo de grande miséria e individualismo. Enfim, eles eram o paradoxo de uma sociedade idólatra e materialista, já que anunciavam firmemente sua esperança eterna no Reino vindouro do seu Cristo.

Creio que se perguntassem para esses cristãos o que era sucesso, ou o que significa ser bem-sucedido, eles responderiam como o apóstolo Paulo: “…ser achado nEle…” (Fp. 3:9). Isso é o que podemos chamar de “um novo paradigma de sucesso”, o qual iria nortear todo o pensamento e filosofia de vida dos cristãos ao longo dos séculos.
Considere o que acabamos de falar e reflita um pouco sobre um segundo projeto admirável que existe entre os batistas cariocas, o Programa Barnabé, que apoia igrejas e pastores que estejam passando por situação de vulnerabilidade social.

É fundamental entender que dar condições sustentáveis para pastores e igrejas com necessidades especiais não se trata de mero altruísmo, trata-se de uma nova forma de ver o sucesso partilhado, pois, a bem da verdade, “nós somos tão fortes quanto o nosso elo mais frágil”.

Que a nossa unidade ponha fim à vaidade, ao ciúme, à mesquinhez. Que possamos buscar o sucesso uns dos outros, sucesso das nossas igrejas-irmãs e dos nossos irmãos-vocacionados.

O nome disso é sucesso para a glória de Deus!

Aplicando
Para que tudo que aprendemos a respeito da unidade que gera vida não fique apenas na teoria, reflita e aplique em sua vida pessoal:

  • A mensagem de vida e de salvação que alcançou você é como um rio de águas vivas, não pode ficar retida. Então, este é o tempo de você se engajar na missão de anunciar a Cristo, começando pela nossa cidade do Rio de Janeiro, investindo vida e bens para alcançar aqueles que ainda não conhecem o amor do Senhor.
  • Aqueles que tem a vida de Cristo não vivem mais para si mesmos, mas vivem para Aquele que os amou e se entregou por eles, como Paulo diz em Gl. 2:20. Deixe o Espírito de Cristo sensibilizar você. Perceba o que Deus está fazendo e “junte-se a Ele”! Veja os diversos “campos brancos para a ceifa” e diga ‘sim’, ao Senhor da seara.
  • Nós, batistas, somos conhecidos por nossa cultura de cooperação, pois não deixamos companheiros de batalha para trás. Qualquer aspecto que tente nos separar será sempre menor do que o amor que nos une em Cristo. Por isso, te encorajo a que você e sua igreja apresentem-se! Coloquem-se na brecha, em oração e prontidão para atenuar as dificuldades das igrejas co-irmãs. Será que você não é a resposta para a sua própria oração?
    Vamos, unidos, gerar vidas!

Pr. Sidnei José da Silva
PIB Piedade