Missões, no plural, não pode ofuscar a missão, no singular.
Por alguma razão, valorizamos missões e desconsideramos a missão.
Só que missões é um desdobramento de uma missão.
Missão todos temos e todos fazemos. Não depende de tempo, conhecimento ou dinheiro. É a nossa vida, que é sempre missionária.
Missões é uma forma de fazer missão. Nem todos fazem missões.
Quanto à missão, nossa decisão não é fazê-la ou não, mas como a faremos.
Nossa missão pode ter como foco seguir uma ideologia em curso, seja a de ter ou parecer.
Nossa missão pode visar a satisfação dos prazeres, do corpo ou da mente.
Nossa missão pode ser ganhar dinheiro, cada vez mais, mas pode ser ganhar e compartilhar.
Nossa missão deve ser primeiramente uma vida íntegra, de modo que as pessoas nos vejam e queiram ser como nós somos porque nós queremos ser como Jesus.
Nossa missão é viver missionariamente, indo por todo o mundo e sendo aquilo que Jesus nos pediu para fazer.
Nossa missão é ser sacerdote em nossa casa, pastoreando nossa família.
Nossa missão é nos importar com os necessitados e nos envolver na satisfação de suas carências.
Nossa missão acontece do outro lado da rua.
Nossa missão se realiza no porto ou no aeroporto, onde pessoas que nunca ouviram falar de Jesus passam todos os dias.
Nossa missão vai ao cemitério onde adeuses por vezes desesperados são dados pela falta da esperança que podemos anunciar.
Nossa missão está no cárcere onde a liberdade verdadeira, pelo conhecimento de Jesus, pode ser alcançada, mesmo que as grades visíveis continuem fechadas.
Nossa missão é a criança sem lar ou o idoso no lar que os abriga, quando os seus de origem não mais os acolhem.
Nossa missão é a política, pelo voto consciente ou pelo exercício de uma votação partidária.
Nossa missão é o trabalho, lugar de realização, lugar de autossustento, lugar de testemunho, lugar onde o sal é necessário e a luz precisa brilhar.
Só uma vida missionária pode ser chamada de vida. As outras formas de viver podem fazer o mundo se curvar aos nossos pés, mas teremos perdido o principal: nossa alma. A alma de nossa vida é a obediência ao chamado de Jesus, que pode ser especial para alguns, mas começa universal para todos.
Nossa vida missionária precisa que nossos olhos estejam fitos no Deus Pai, que nos envia; em Jesus Cristo, o primeiro dos missionários, e no Espírito Santo, que nos fortalece para uma obra que é para a vida toda, porque é a nossa vida toda.
Israel Belo de Azevedo
É pastor da Igreja Batista Itacuruçá, no bairro da Tijuca, Rio de Janeiro.
Trabalhou também no Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, onde
foi professor (1976 a 1986) e reitor (2002-2009) , na Visão Mundial,
(1986-1990) em Belo Horizonte; na Universidade Metodista de Piracicaba,
onde foi professor e editor de livros e revistas científi cas (1991-1996), e
na Universidade Gama Filho, onde foi professor (1976-1986) e diretor do
curso de comunicação e vice-reitor acadêmico (1997-1999).Graduado
em teologia e em comunicação, pós-graduado em história, mestre em
teologia e doutor em filosofi a, publicou vários livros impressos e outros
em formato eletrônico.